quinta-feira, 3 de maio de 2012

Entrevista: Thiago Shimada - Professor da Insei Brasil

É com grande prazer que apresento a entrevista que o Jornal do Go promoveu com o Thiago Shimada, cofundador da Insei Brasil. Espero que gostem!

Alguns dados sobre ele:

Professor titular e fundador da INSEI BRASIL
Entrou no mundo do Go motivado pelo anime e mangá Hikaru no Go, em 2006. Teve o  privilegio de ter aulas com Narusawa Yasuichi 8º Dan profissional em 2006 e aulas com o Enda Hideki 9º Dan profissional em 2008.
Representou o Brasil:
- 5º Korean Prime Minister Cup (obtendo a 29º posição) - http://kbaduk.or.kr/kpmc/2010/eng/
Campeonatos Nacionais:
-1º colocado – I Copa Brasil de Go na Categoria A (3D a 4D) (2010)
-3º colocado – II Copa Brasil de Go na Categoria Open (5D +) (2011)
Participou em diversos eventos dando aulas de Go:
-11º festival do Japão – Centro de Exposições Imigrantes.
-12º festival do Japão – Centro de Exposições Imigrantes.
-13º festival do Japão – Centro de Exposições Imigrantes.
-Festival das Cerejeiras – Horto Florestal de São Paulo Capital.
-Comemoração dos 100 anos da imigração japonesa em Jundiaí.
-Diversos Eventos de Anime e Mangá em São Paulo – Capital.

(Fonte: Insei Brasil)


Thiago Sinji Shimada, 5º Dan Amador (fonte: Insei Brasil)


1- É impossível não começar a entrevista com essa pergunta: como conheceu o jogo Go, como foram seus primeiros anos de aprendizado e há quanto tempo joga? 

Thiago Shimada: Eu conheci o Go nas minhas ferias do meio do ano de 2005, quando ganhei diversos dvds de anime para assistir. Entre esses animes estava o Hikaru no Go, tinha apenas até o episodio 3, porém já foi mais que o suficiente me prender nesse fascinante mundo do GO. Pesquisei mais sobre Go e sobre Hikaru no Go. No mesmo ano fui no Festival do Japão, para minha surpresa tinha um pessoal ensinado Go e esse foi meu primeiro contato com Go ao vivo e pessoalmente. Joguei meu primeiro jogo ao vivo contra o Bruno Borchartt, cofundador da Insei Brasil, e um grande amigo. Me lembro claramente que ele falou "Mas você acabou de aprender né? por que senão não posso te dar 9 pedras de handicap" - perdi vergonhosamente. Acabei passando o dia inteiro do evento jogando Go. Mas foi somente a partir de 2006 que o Go entrou para ficar na minha vida. Em 2006 eu comecei a frequentar a Nihon Kiin do Brasil. Onde conheci o Mestre Yoshitake. O Yoshitake era o professor de Go da nihon kiin, foi com ele que aprendi as primeiras técnicas desse jogo. Nesse ano de 2006 eu praticamente só jogava Go de domingo a domingo. Fiquei em segundo lugar na XVIII Taça Iwamoto na categoria Kyu. Eu demorei para chegar ao 1º Dan KGS, somente em , mas com certeza o que mais me ajudou foi fazer tsumegos. 

2- Você participou de diversos eventos, ensinando Go, como os Festivais do Japão. Como foi essa experiência e o que achou da reação do público ao jogo? 

Thiago Shimada: A experiencia de ensinar alguma coisa que você ama para outras pessoas é recompensadora. O publico em geral é bem receptivo ao GO, é um jogo com regras muito simples que em questão de 15 minutos já se está jogando. Devo ter ensinado Go para mais de 5 mil pessoas nesses eventos. Mas o que faz essas pessoas não continuarem a praticar o Go é a falta de estrutura, adversários e grandes torneios. Então mesmo tendo ensinado Go para tantas pessoas são poucas que se tornam jogadoras de GO.

3- Sei que já estudou Go com grandes mestres, como Narusawa Yasuichi 8º Dan profissional e Enda Hideki 9º Dan profissional. Pode compartilhar um pouco do que aprendeu com nossos leitores? Chegou a conhecer outros jogadores profissionais de Go? 

Thiago Shimada: Com o mestre Narusawa 8p tive alguns jogos-aulas em 2006, eu ainda não tinha muita noção do jogo de Go. O que eu aprendi com ele é que não importa qual a sua força, o importante é se concentrar e tentar ler o máximo de lances a frente. Com mestre Enda 9d também tive alguns jogos-aulas, com ele aprendi como ensinar Go. O jeito do mestre Enda de comentar os seus lances. Mesmo revisando o jogo inteiro ele apenas criticava os lances que visivelmente eram ruins. Os outros lances que não eram os melhores ele sempre falava que eram jogáveis, que não adiantaria tentar mudar completamente o jeito de jogar. Conheci em 2010 o mestre Victor Chun ( Poong Jho Chun) 8p corenano, que foi um dos professores do Alexander Dinerchtein 3p coreano. Fiquei hospedado na casa do Chun quando fui para Coreia do Sul. 

4- Já estudou Go no exterior? Se sim, conte um pouco desta experiência. Se não, pretende algum dia visitar Coréia do Sul, China ou Japão com esta intenção? 

Thiago Shimada: Ainda não estudei Go no exterior. Mas pretendo ir estudar Go na Coreia em 2013. Antes tenho que aumentar minha força, aqui mesmo no Brasil, segundo conhecidos meus que foram estudar Go na Coréia, o nível é muito alto. Para ter um melhor rendimento é melhor está acima dos 5d KGS. 

5- Você participou da 5º Korean Prime Minister Cup. Como conseguiu esta oportunidade e como foi participar de um torneio internacional? 

Thiago Shimada: Para participar do KPMC tive que participar de diversos torneios na Nihon Kiin. Atualmente o modelo de seleção do representante é muito precário, pois é necessário ir duas vezes por mês na Kiin para jogar os torneios e gahar pontos, quem tiver mais pontos ganha a oportunidade de representar o Brasil em um torneio internacional. Participar de um torneio internacional de Go representando o seu país é uma experiencia única. A viajem é longa, o idioma é um que não estava familiarizado e com pessoas estranhas, mas na abertura do torneio você percebe que tudo isso vale a pena. Foram 7 jogos, ganhei 4 perdi 3. Coloquei o Brasil em 29º entre 70º. Espero poder ir representar o Brasil mais vezes.

6- Você ainda estuda regularmente para melhorar seu jogo? Conte um pouco sobre seus métodos de estudo e se pretende um dia tentar se tornar profissional em algum país asiático. 

Thiago Shimada: Eu ainda estudo Go e acho que vou continuar a estudar Go para sempre. Eu normalmente revejo jogos de profissioais, faço muito exercicios (tsumego) e leio livros de teoria de Go. Estudo Go 3 vezes por semana. Até os trinta anos ainda dá para tentar se pro de GO, é um dos sonhos que tenho. Mas mesmo que não dê para virar pro de Go num desses três países, quero viver de Go aqui no Brasil mesmo. 

7- De onde surgiu a ideia de fundar a Insei Brasil? 

Thiago Shimada: Com o anuncio do lançamento do mangá Hikaru no Go pela JBC no começo de 2010, eu e o Bruno achamos que teria mais pessoas interessadas pelo Go e elas precisariam de mais apoio. E ter uma escola de GO com novatos anima muito mais do que simplesmente frequentar o clube japonês, onde a maioria são idosos. O objetivo da Insei Brasil é formar e manter mais jogadores de Go no Brasil. 

8- Atualmente vocês possuem aulas presenciais e um curso à distância. Fale um pouco sobre estas duas modalidades.

Thiago Shimada: Nós temos dois cursos presenciais, um voltado ao publico que nunca teve contato com o Go e outro voltado para que quer aprofundar seus conhecimentos no GO. Em ambos, alem da teoria, temos jogos entre os alunos, e uma liga interna no curso intermediário. Já o nosso curso a distância é um curso mais livre, mas voltado para um publico que já conhece as regras e técnicas básicas do Go.

9- Qual seria seu maior objetivo pessoal para o futuro? E quanto a Insei Brasil? 

Thiago Shimada: Meu objetivo é que o Go esteja mais popular no Brasil, e que no futuro seja possível viver de Go aqui mesmo. O futuro da Insei Brasil é se tornar referencia quando o assunto é ensino de GO. Para todos niveis, dos 30kyu a 9dan. Ensinando Go em escolas, eventos, empresas e instituições governamentais. 

10- Preciso terminar esta entrevista com uma pergunta de grande interesse pessoal. Vocês pretendem algum dia tentar fazer uma Liga Insei Brasil online, utilizando servidores como KGS, por exemplo, parecida com a Insei League da própria KGS? (KGS Insei League

Thiago Shimada: Sim isso será possível se tivermos mais jogadores. Além de ensinar, a Insei Brasil tem que manter os jogadores, ter uma liga online, estimula os jogadores, ter mais torneios nacionais e internacionais também. Quem sabe daqui a alguns anos o Brasil não se torna um país mais forte na cena do Go Mundial!

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